#54 Reflexão: Qual é o seu nível de imparcialidade?
Nossos cérebros, esses órgãos maravilhosos e complexos...
5/14/20243 min ler
Nossos cérebros, esses órgãos maravilhosos e complexos, são ao mesmo tempo nossos maiores aliados e inimigos quando se trata do futuro. Eles são programados para nos proteger, nos manter apegados ao familiar e fazer previsões baseadas no passado. É como naquela imagem do cabeçalho: o início da era do plástico (uma visão de futuro) misturado com os papéis de gênero dos anos 50, com mulheres brancas felizes fazendo tarefas domésticas. (Ilustração para o artigo "Maravilhas que você verá nos próximos cinquenta anos" na Popular Mechanics, fevereiro de 1950, pág. 118)
Mas o futuro é indomável, imprevisível e absolutamente fascinante. Admita, todos nós gostamos de afirmar que o futuro será mais brilhante ou, em nossos momentos mais sombrios, que o apocalipse está próximo. Um mundo onde a IA resolve todos os nossos problemas, a mudança climática é revertida e todos vivemos em paz e harmonia. Mas como podemos ter certeza de que nossos valores atuais não parecerão antiquados para as gerações futuras?
É aí que Shakespeare entra em cena, nos lembrando: "Nada neste mundo é bom ou mau, mas o pensamento o torna assim." Nossa obsessão atual por um futuro "melhor" é colorida por nossos valores atuais, que podem não se alinhar com os ideais das gerações futuras. Lembre-se de que a escravidão já foi considerada normal, até mesmo boa. Longas horas de trabalho em fábricas eram vistas como virtude. Até mesmo a ideia de que o lugar da mulher era em casa já foi uma norma amplamente aceita. Então, como podemos ter certeza de que nossos valores atuais não parecerão antiquados para as gerações futuras?
A verdade é que não podemos. É por isso que é tão importante manter a neutralidade ao explorar o futuro. Precisamos reconhecer que o futuro pertence àqueles que o viverão, não a nós. Nosso trabalho é explorar, pesquisar e entender, sem deixar que nossas esperanças e medos distorçam o mapa.
Isso decorre de nosso viés - o famoso hábito de usar a lógica de ontem, nossa realidade atual, o que valorizamos e o que esperamos, mas principalmente o que consideramos certo e errado, para pintar a tela do amanhã. Ao nos apegarmos ao que sabemos, reciclamos o velho e nos privamos da novidade que o amanhã pode trazer.
Lembre-se da última vez que você rolou o Twitter ou viu sucessos irreais no LinkedIn. Seus hormônios do estresse aumentam e desencadeiam seu antigo modo de sobrevivência, preparando você para lutar ou fugir. Essa reação primitiva não é muito útil quando precisamos pensar criativamente sobre nosso futuro. É como tentar ter novas ideias enquanto um urso te persegue - boa sorte em pensar em algo além de "CORRA!"
Por ser mais fácil, pensamos linearmente - assumindo que estamos nos movendo em uma direção - uma linha reta do passado. Muitas vezes esquecemos que as pessoas no futuro viverão em uma realidade onde elas definirão valores e virtudes. Alguns comportamentos podem não mudar, enquanto outros podem mudar espontaneamente, desencadeados por eventos imprevistos como a COVID-19. Achamos que conhecemos o futuro, mas esquecemos que o futuro é sobre as próximas gerações.
Claro, podemos influenciar o futuro, e fazemos isso educando nossos filhos e estabelecendo estratégias em empresas e políticas governamentais. Tentamos moldar o futuro da maneira que gostaríamos; isso é justo e bom.
No entanto, ao explorar o futuro, seja como gerente de produto, estrategista, político ou futurista, precisamos adotar a neutralidade para verificar o que pode ser plausível. Podemos desejar resultados diferentes, mas precisamos nos afastar. Só porque algo é possível, não significa que vai acontecer. Todo movimento tem seus contramovimentos. Normas e valores sociais também mudam. Partes da sociedade que tentamos ignorar, como depressão, isolamento, divisões sociais e muito mais, podem mudar o comportamento mais do que pensamos.
Leve esta reflexão com você: não se deixe levar por esperanças e preconceitos ao explorar o futuro!
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